Todos sabem que o fundo
de sala de aula não é lugar pra qualquer um. Lá se alojam os mestres, os verdadeiros
donos da verdade e da vontade de sair após a chamada. Como bem disse o profeta Mauris,
lá habitam "os homicidas do bom-senso, estupradores da razão e carrascos do
saber jurídico". Lá se falam as frases e se inventam as piadas que um dia
serão contadas em mesas de bar e balcões de delegacias. Isto posto, abaixo você tem uma uma amostra de
alguns dos textos escritos durante a nossa faculdade de Direito. Creio também que após
ler estes textos, o nobre biranauta não vai nos contratar quando precisar de assessoria
jurídica.
Considerações de
última carteira
Coisas que só quem
senta no fundão e não presta atenção às aulas pode ver
por enquanto, exclusividade Mundo de Bira -
seja educado... peça antes de copiar alguma coisa
Quando um aluno tosse, os outros aproveitam para
tossir também. Isso também vale quando alguém coça a cabeça.
Quando os alunos da frente
da sala começam a fechar e guardar os livros, os de trás começam também.
Quando o professor fala
alguma coisa engraçada e os alunos que estavam prestando atenção na aula dão risada,
os que estavam "voando" ficam perguntando: "que que ele falou, que que ele
falou?" (muitas vezes, os que riram também não entenderam, riram só pra fazer
média com o mestre, mas prá não ficar chato, respondem "hahaha...peraí, depois eu
falo...hahaha"). E alguns ficam rindo e olhando para os colegas dos lados para ver se
eles estão rindo também.
Quando alguém passa pelo
corredor, em frente à porta da sala, todos dão uma olhadinha pra ver quem é.
Quando o professor para de
falar, os alunos que estão conversando param de falar também e olham ao mesmo tempo para
o mestre.
Quando um professor
está ditando e cai da cadeira, os alunos esperam terminar de copiar a frase para ir
socorrê-lo (é difícil de acontecer, mas eu já vi).
Quando algum aluno do fundo
da sala faz alguma pergunta ao professor, os da frente viram-se para ver quem está
perguntando.
Quando o professor está
dando sua aula e fala algo como "agora vamos falar de um assunto um pouco mais
complicado", todos os alunos se ajeitam na carteira e projetam o tronco para a
frente.
O professor está fazendo um
pequeno aparte sobre a materia que está explicando. Quando o mestre diz "voltando ao
nosso assunto" todos se ajeitam na carteira.
(Envie a sua
"consideração de ultima carteira" também, amigão... no rodapé você
encontra o e-mail)
O ser humano é uma
experiência que não deu certo...
exclusividade Mundo de Bira
- Tudo certo, doutor... podemos iniciar o teste...
- Muito bem, nobre vassalo... ligue a "genesis
machine"...
E o ajudante ligou aquela puta maquiniona, fruto de um
projeto de mais de 100 anos: criar um ser vivo para servir aos Tambers, habitantes do
planeta Tamb.
Tamb fica ao sul da Via Lactea. Seus habitantes são
regidos por um supercomputador, que dá a justiça, distribui a renda, fornece as
condições básicas de sobrevivência dos tambers, enfim: o computador é o rei de Tamb,
e por essa razão, os tambers o chamam carinhosamente de Reiking.
Os tambrs preferiram esse tipo de ordenamento por ser mais
justo: o computador nunca erra - e Reiking nunca errou, mesmo. E ha milhões de anos, os
tambers são felizes por serem regidos por um ente virtual, que não usa carro oficial,
não faz pronunciamentos na hora da novela, nem fica viajando pelo universo todo. O
Reiking fica na praça central de Tória, a principal cidade do planeta Tamb. Está lá
intacto, pois os tambers são extremamente civilizados. Além do que, tocar no
supercomputador é um crime hediondo para os tambers. É claro que o Reiking não usa
sistema operacional Windows, pois as drogas foram erradicadas de Tamb ha seculos.
- Desta vez tem que dar certo, doutor... eu já tô de saco
cheio disso... eses seres não conseguem ter vida própria... o último que deu errado
virou uma pasta que nem meu cachorro quis comer...
- Cale a boca, lacaio... e preste atenção no que está
fazendo...
E a "genesis machine" continuava a trabalhar.
Algumas horas depois, o alarme disparou, avisando que mais
uma tentativa estava pronta. Se iria funcionar, já não se sabia...
- Abra o compartimento de saída, caro imbecil...
E o assistente abriu.
Saiu de lá um ser de cor clara, pouco peludo e já
reclamando:
- Cacete, que demora... lá dentro faz um puta barulho,
sabiam...?
Embasbacados, os cientistas comemoravam. Era a primeira vez
que um protótipo falava uma frase inteira.
- Conseguimos, doutor... o bicho falou... agora só precisa
de um nome...
O cientista pensou, pensou, pensou e finalmente perguntou:
- Ha quanto tempo estamos trabalhando nessa merda?
- Só nesse, ha um ano...
- Um ano? Hummm... já sei... o ser vai se chamar "um
ano".
O aprendiz achou o nome uma bosta, mas ficou quieto.
Afinal, estava terminada uma série exaustiva de testes que nunca deram certo. Teria,
afinal, um pouco de descanso... Será? A criatura recém criada desembestou laboratório
adentro quebrando beckers e mais algumas daquelas coisas de laboratório. O "um
ano" estava puto por que estava pelado.
- Cobre esse infeliz com qualquer poracaria aí, meu... -
gritou o doutor
E o assistente jogou uns panos no ser "um ano". E
o animal se acalmou...
Levaram a criatura para Tória, para ser apresentado aos
outros tambers. O mestre subiu num palanque:
- Caros irmãos... eis aqui o resultado de nossa longa
pesquisa...
E empurraram o "um ano" pro palco. A reação
inicial dos presentes foi de repulsa, pois a criatura destoava totalmente dos tambers, que
são azuis, de cabelo verde e baixinhos. Como "lemmings". Mas logo se
acostumaram com a novidade.
No início, o ser um ano estava em fase de testes. Pintaram
a bunda dele de verde e sairam pelo planeta mostrando o mundo pro bicho. Mas após andarem
apenas alguns quilômetros, o um ano abriu o bico:
- Pó pará... não dou mais nenhum passo... tô morto de
canseira...
- Xi, já tá dando defeito... - grunhiu o doutor - anote
essa ocorrência, lacaio...
Decidiram não dar moleza pro animal e andaram mais um
pouco. Péssima idéia. O desgraçado deu uma topada numa pedra e arrancou a tampa do
dedão.
- Puta que o pariu... filha da puta de pedra... - gritava o
animal, pulando com uma perna só e segurando o pé sangrante...
"Sinto que teremos problemas", pensou o vassalo.
Passada essa, pararam em uma cidade do interior de Tamb.
Lá, se passou a cena que seria decisiva para o futuro do ser um ano em Tumb: o animal, no
meio da multidão, sacou seu pênis e começou a se masturbar compulsivamente, para horror
dos presentes.
- Fudeu, doutor... o bicho endoidou... o que vamos
fazer...?
- Vai lá e dá um chute no órgão sexual dele...
E se deu o primeiro chute no saco da história. O
assistente jogou a coitadinha da criatura uns cinco metros adiante com o bicudo.
- Puta merda... caralho... filho da puuuuuta... -
praguejava o ser um ano, vendo estrelas... Passado o susto, o doutor pensou um pouco e
comentou com seu ajudante:
- Esse pobre diabo tá precisando de uma fêmea... vamos
voltar pro laboratório... você jogou a receita fora?
- Não, doutor... só vou jogar quando eu fizer a Luana
Piovani...
E voltaram para o laboratório em Tória.
E a fêmea do ser um ano foi feita, tendo como materia
prima uma costela de vaca que estava na geladeira. Saiu a fêmea, como o macho, peladinha
da máquina. O macho ficou louco:
- Como funciona, papi... como funciona...hehehe...?
- Papi o cacete... bom, é simples... tá vendo aquele
acúmulo de pelos no início das pernas? Então... basta você enfiar "isto
aqui", "alí"...
E o ser um ano macho, olhando mais atentamente para a
fêmea, notou que no início dos braços também tinha acúmulo de pelos. Não exitou:
- Ah, legal... e tem mais duas, né...?
Os cientistas se entreolharam, como se dissesem
"merda... não pensamos nisso...". Decidiram cortar os pelos do início dos
braços e ensinaram a fêmea que, para não dar confusão, era melhor manter aquele local
sempre sem pelos.
Muito bem. Sairam os dois seres saltitando por Tória, ante
aos olhares curiosos dos tambers.
Mas aí, caro leitor, é que "o bicho começa a
pegar". Fascinados pelo Reiking (lembra? o supercomputador que manda em Tamb), os
dois animais se aproximaram da máquina. Os tambers presentes ficaram estáticos.
- Olha, macho... que coisa legal...
- Não fuça aí, muié, que cê vai fazer alguma merda...
- Que nada... ah, olha... prá que serve esse
botãozinho...?
E "pum". Apertou o botão. Os tambers continuavam
duros. Ninguém havia mexido no Reiking desde a sua intalação, feita por astronautas da
Galáxia Support.
O telão de Reiking, por onde ele manifestava seus
ordenamentos, escureceu. A estúpida acabava de formatar o HD do bichão.
O corre-corre foi geral... os tambers ficaram desesperados
com o ocorrido... A Bolsa de Tória caiu, tambers saqueavam supermercados, quebravam o
planeta todo, ensandecidos com a morte de seu lider, o Reiking.
Alguma providência deveria ser tomada...
Ligaram desesperados para um telefone que os caras da
Galáxia Support deixaram para o caso de dar defeito no Reiking, mas ninguém atendeu.
Loucos da vida, resolveram tomar uma atitude drástica: expulsar os dois seres um anos de
Tamb.
Foi criada uma comissão para preparar a expulsão das
criaturas que arruinaram a vida dos tambers. O problema era: prá onde iriam mandar
aqueles dois idiotas?
- Tem um planetinha azul inabitado alí perto de Marte...
um localzinho desprezível, mas perfeito para os dois...
E a cápsula de expulsão foi projetada e construida em
tempo recorde. Junto com ela, iria uma outra nave, gigantesca, com algumas coisinhas que
seriam colocadas no planetinha azul, que eles batizaram como "Terra", que na
língua dos tambers quer dizer "lugar pra onde aqueles filhos da puta foram
mandados".
As ordens do chefe da comissão de expulsão para o valente
piloto da grande nave:
- Vai na frente, pois é capaz de eles se perderem no
caminho... chegando lá, pegue essas pirâmides que tem na nave e coloque em algum
lugar... procure umas dez cavernas e faça uns desenhos idiotas nas paredes e construa
umas pistas de pouso para nossas naves; nós nunca mais iremos prá lá, mas essas
coisas vão mantê-los ocupados por milhares de anos...
Aguarde... em breve,
novos textos (assim que eu achá-los... meu quarto está uma bagunça)
...mail me, principalmente se for
copiar alguma coisa.
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